Panorama Geral dos Projetos e Impactos do PPG-BURN
Os projetos de pesquisa e publicações do PPG-BURN abrangem uma ampla gama de temas relacionados à biodiversidade, ecologia, conservação, saúde pública e uso sustentável dos recursos naturais, com ênfase especial na realidade brasileira, particularmente nas regiões do Cerrado, Caatinga e norte de Minas Gerais. Com uma abordagem interdisciplinar e multifacetada, as ações do programa buscam enfrentar desafios do desenvolvimento sustentável, gerando impactos significativos nas esferas econômica, social e cultural. Essas contribuições têm fortalecido o conhecimento científico e promovido práticas sustentáveis com efeitos duradouros, especialmente na região norte-mineira.
Atualmente, docentes do PPG-BURN coordenam ou participam de 59 projetos financiados, que englobam iniciativas de pesquisa, extensão e inovação. Entre eles, destacam-se a criação e consolidação de centros e laboratórios multiusuários de pesquisa na UNIMONTES, como:
Centro de Tecnologia e Infraestrutura para Pesquisa Multiusuária em Leishmanioses e Doença de Chagas;
Centro de Coleções Biológicas do Norte de Minas Gerais;
Insecta: Centro Multiusuário de Pesquisa e Extensão em Biologia e Taxonomia de Insetos;
Centro de Tecnologia e Inovação em Agrobiodiversidade;
Laboratório Multiusuário “BIOS” – voltado ao desenvolvimento de bioprocessos.
Além disso, o programa integra o Centro de Excelência do Semiárido (SERTÃO) da UNIMONTES, que recebeu investimento de R$ 20 milhões da FAPEMIG em cinco anos. O SERTÃO é uma iniciativa estratégica voltada ao desenvolvimento sustentável do semiárido brasileiro, com foco em bioeconomia, agroeconomia, biodiversidade, inteligência artificial (IA) e internet das coisas (IoT). A proposta visa gerar impactos positivos ambientais, econômicos e sociais, transformando desafios regionais em oportunidades por meio da inovação, empreendedorismo e qualificação da comunidade acadêmica.
Com uma equipe multidisciplinar e qualificada, o centro também promove a transferência de conhecimento para o setor produtivo, incentivando políticas públicas e projetos voltados ao aproveitamento sustentável dos recursos naturais. Ao fortalecer a integração entre universidade, governo e indústria, o SERTÃO contribui para o fortalecimento do ecossistema de inovação e para a geração de empregos, impulsionando o desenvolvimento regional.
Dentre os projetos de destaque, iniciativas de bioprospecção com plantas da flora local — como babaçu, cagaita, guabiroba, macaúba, umbu, araticum e pequi — apoiam cooperativas de pequenos produtores e extrativistas, com desdobramentos positivos para empresas dos setores biotecnológico, cosmético, farmacêutico e de biocombustíveis, incluindo parcerias com empresas como a Petrobras. Um exemplo emblemático é o projeto de extensão “Eu uso plantas medicinais”, que conecta saberes tradicionais à pesquisa científica. Diversos projetos de pesquisa também incluem atividades extensionistas, como reuniões com comunidades locais, devolução de resultados e educação ambiental, com destaque para os Projetos Ecológicos de Longa Duração (PELD).
Do ponto de vista econômico, os estudos do PPG-BURN oferecem subsídios relevantes para políticas públicas e práticas de manejo sustentável. Pesquisas sobre conservação do Cerrado e restauração de florestas tropicais, por exemplo, contribuem para a manutenção de serviços ecossistêmicos essenciais à agropecuária, como regulação do clima e fornecimento de água. Projetos que analisam o potencial antioxidante e antimicrobiano de plantas e méis da região norte-mineira fomentam o desenvolvimento de produtos naturais com valor agregado. Há também iniciativas inovadoras, como a caracterização de méis e pólens e o uso de leveduras selvagens na fabricação de cachaça artesanal com identidade sensorial única, promovendo a diversificação econômica com sustentabilidade.
Na esfera social, projetos voltados à saúde pública têm impacto direto na melhoria da qualidade de vida em regiões endêmicas para doenças como leishmaniose e doença de Chagas. Pesquisas sobre vetores e tecnologias sociais em saúde, como a “Vigilância ecoepidemiológica da leishmaniose tegumentar e da doença de Chagas” e a “Avaliação da transmissão da doença de Chagas no norte de Minas Gerais”, contribuem para políticas públicas inclusivas e eficazes. Iniciativas de educação em saúde, como “Eu uso plantas medicinais com segurança e qualidade?”, valorizam o conhecimento tradicional e fortalecem o vínculo entre academia e sociedade. Projetos como a “Rede MCTI de Monitoramento da COVID-19 em Águas Residuais” demonstram a capacidade de resposta da pesquisa científica a emergências, como a pandemia de COVID-19.
Vários projetos possuem forte viés socioambiental e inovam ao articular ciência e saberes tradicionais no enfrentamento das desigualdades territoriais e ambientais. O projeto “Casa da Cura” é um exemplo, ao promover o estudo e aplicação da fitoterapia tradicional, com produção de matrizes de plantas medicinais certificadas em parceria com a UFMG. O uso de protocolos comunitários de consulta, como no projeto das comunidades vazanteiras do médio São Francisco, fortalece o direito de povos tradicionais e foi analisado em artigo publicado na revista Campo-Território. A abordagem crítica de temas como o marxismo e a questão ambiental também se destaca em publicações do LEAEH e do NIISA da UNIMONTES.
Culturalmente, os projetos valorizam a riqueza da biodiversidade brasileira e sua conexão com comunidades tradicionais. Estudos etnobotânicos e etnoecológicos que exploram o uso de espécies como o buriti (Mauritia flexuosa) ressaltam o valor do conhecimento tradicional para a conservação ambiental. Projetos como “Casa da Cura” e “Mundos desbarrancados” reforçam a resiliência das comunidades frente às mudanças climáticas, promovendo a conservação cultural e ecológica simultaneamente.
Por fim, o PPG-BURN tem atuação destacada em redes nacionais e internacionais de pesquisa, entre elas:
Redes Nacionais:
(i) Mudanças globais em montanhas tropicais;
(ii) Nordeste: uma nova ciência para um bioma negligenciado;
(iii) REMONAR-MCTI – Rede de Monitoramento da COVID-19 em Águas Residuais;
(iv) Ecos de Minas;
(v) Rede Matas Secas;
(vi) REDE MINAS;
(vii) Rede Montanhas;
(viii) REDES ANTRÓPICAS.
Redes Internacionais:
SECO – Resolving the current and future carbon dynamics of the dry tropics;
PhenoChange – rumo a uma rede global de monitoramento fenológico dos trópicos secos.
A internacionalização das pesquisas reforça o papel da UNIMONTES como referência em ciência aplicada ao semiárido, fortalecendo colaborações e atraindo novos investimentos.